Importadores Antevêem “Tempos Difíceis” Com a Retirada do BdM na Factura de Importação de Combustíveis

Banco de Moçambique (BdM) deixou de comparticipar nas facturas de importação de combustíveis para o País, considerando que os valores já podem ser suportados pelos bancos comerciais. A medida anunciada na última quarta-feira (31) entrou em vigor nesta segunda-feira, 5 de Junho.

Ao DE, a Associação Moçambicana das Empresas Petrolíferas (AMEPETROL) revelou que antevê tempos um “pouco difíceis”, uma vez que o banco central contribuía de forma significativa para que a liquidação das facturas fosse materializada atempadamente.

“Vemos a situação com muita preocupação. O BdM ajudava no controlo cambial e auxiliava as importadoras em vários aspectos. Com esta medida, receamos que as coisas não se manifestem como no passado”, explicou Ricardo Cumbe, secretário-geral da AMEPETROL, ouvido pelo DE.

De acordo com a fonte, a decisão poderá influenciar os preços que, “por si só, poderão sofrer alterações”, visto que os importadores estarão à “mercê dos bancos comerciais. Haverá uma grande competição entre os bancos comerciais, e já não teremos o banco central para controlar o câmbio nos moldes anteriores”, salientou.

Ricardo Cumbe avançou que, actualmente, as empresas estão perante a um grande desafio, ressalvando que a Associação ainda não encontrou nenhuma estratégia para reverter os impactos desta decisão.

“Medidas como tal não temos. Ainda não encontrámos qualquer forma de mitigar os impactos que vão surgir. O que vamos fazer é uma aproximação ao banco central para colocar as nossas perspectivas em torno da implementação da medida anunciada”, concluiu.

Enquanto regulador do sistema financeiro nacional, o BdM comparticipava em 50% o custo total da factura. No entanto, esta comparticipação chegou agora ao fim.

IMOPETRO Admite Dificuldades na Aquisição de Combustíveis

O director-geral da Importadora Moçambicana de Petróleos (IMOPETRO), João Macanja, admitiu a existência de alguns constrangimentos no processo de aquisição de combustíveis devido à retirada da comparticipação do Banco de Moçambique na disponibilização de divisas. No entanto, assegurou que tais constrangimentos não põem em causa a provisão dos produtos petrolíferos, tanto é que o mercado continua a emitir sinais de resiliência.

Segundo noticiou o notícias, na edição desta sexta-feira, 1 de Setembro, João Macanja falava durante um seminário sobre o financiamento relativo à importação de combustível, no âmbito da 58.ª edição da FACIM.

O jornal refere que o banco central comparticipava com cerca de 50% na factura de importação de combustíveis, tendo deixado de o fazer há alguns meses.

A fonte do IMOPETRO explicou que, com a saída do Banco de Moçambique (BdM) deste processo, nota-se uma limitação na disponibilização do dólar no mercado para a viabilização das importações. “Esta é uma medida recente que também traz algumas perturbações naquilo que era o modelo de funcionamento. Sabemos que é tarefa dos bancos fazer negócio, mas tínhamos o BdM como backup e isso fazia toda diferença”, disse João Macanja.

O responsável frisou haver limitações na disponibilização de garantias bancárias, uma dificuldade que é mais notória quando há uma subida generalizada de preços no mercado internacional. “Assim, quando os preços sobem, os bancos comerciais dizem que o financiamento da importação de combustível é feito de acordo com as capacidades de reembolso das empresas envolvidas no negócio, uma vez que o risco de crédito transfere-se para as instituições financeiras”, apontou.

Segundo a Petróleos de Moçambique (Petromoc), os desafios do mercado de abastecimento de combustíveis começaram na altura em que o processo era liderado por um sindicato bancário e perduraram até hoje, num cenário de liberalização. Nos últimos anos, o sector desembolsou 27,3 milhões de dólares norte-americanos em garantias bancárias, o que entende ser razoável, porque a liberalização trouxe ganhos, sobretudo relativamente ao reforço do poder de negociação das empresas comparativamente ao período do sindicato bancário.